domingo, 5 de setembro de 2010

Volta ao Passado - Back To Long Ago! (1956) Mais um clássico de Barks

Nosso querido Barks sempre com um sorriso para nos brindar
Muito bem, mais uma história com a marca Barks de qualidade, e se "é Barks é bom", trocadilhos a parte esta história que eu vou apresentar agora costuma ser ignorada por boa parte da crítica especializada e até por fãs, mas a maioria faz uma leitura superficial da obra do mestre Barks.
É uma história que merece ser revista pelos críticos, fãs e leitores ocasionais do "Homem dos Patos". Eu estou relendo na medida do possível toda a obra de Barks, tenho me debruçado nos 41 volumes que tenho a sorte de ter na minha coleção, e estou lendo com muita parcimônia pra aproveitar e me deleitar de novo com histórias que já se tornaram verdadeiros clássicos das HQs Disney.
Uncle Scrooge #16 de dezembro de 1956. (Sabemos o porque dessa coroa natalina na capa não é mesmo?)
Código-da-história: W US 16-02
Título: Back To Long Ago! Volta ao Passado (em Português)
Herói(s): Tio Patinhas
Páginas: 21
Tipo: 4 tiras por página
Aparições: Malcolm McDuck (flashback), Pintail Duck (flashback), Huguinho Zezinho e Luisinho, Pato Donald, Tio Patinhas 
Roteiro: Carl Barks
Desenho: Carl Barks
Data da primeira publicação: Dez/1956
Data em que a história foi criada: 26/Abr/1956
Ao lado a edição americana mais recente em que apareceu essa história "Back to Long Ago. Uncle Scrooge #310 de 20 de abril de 1998 pela Gladstone.
Nossa história começa com Patinhas conferindo suas contas. Ele percebe que um dos inquilinos de seus escritórios não paga o aluguel a três meses. E Patinhas vai em busca do pagamento.
O Sujeito deve a Patinhas o equivalente a 90 patacas (não tenho nem ideia de quanto isso daria em reais nos dias atuais, risos). Aqui vem a primeira piada, Patinhas caminhando pela rua lendo atentamente  a nota de cobrança, pensa, "ele me deve 90 patacas, se todo o inquilino parasse de pagar o aluguel eu iria à falência em dois mil anos !".
O homem, diz a Patinhas que não tem grana para saldar a dívida, pois teve muito azar ultimamente, ele é hipnotizador e o mercado para esses profissionais está bastante concorrido.
O sujeito que está sendo cobrado cujo nome é Dr. Oscar Lote sugere quitar sua dívida  em serviços, pois como hipnotizador que é,  pode levar mentalmente pessoas para séculos atrás quando elas viviam outras vidas. Patinhas não acredita nisso e sim em dinheiro, e é isso que ele quer "dinheiro" e ele diz isso ao Senhor "P" como ele mesmo chama  Oscar, "Você me oferece levitação em vez de dinheiro? nada feito".
Oscar então, apresenta a Patinhas dois exemplos de pessoas que foram hipnotizadas por ele e agora estão extremamente ricos, passando naquele exato momento na rua estão os dois sortudos,(em quadrinhos e desenhos animados é sempre assim, a coincidência se faz sempre presente, mandando a lógica de foguete pro espaço).
O senhor Novorrico era um "duro", voltou ao passado e descobriu que havia sido um soldado e localizou um esconderijo de ouro Inca, retornou ao presente,  voou até o Peru e achou a riqueza que havia ocultado séculos atrás. 
A gordíssisma  Sra. Bolofofo, voltou a França de Luís 16, ela descobriu que foi pajem da Madame Du Barry, e que havia escondido as jóias da patroa antes que a multidão pilhasse o palácio. Enquanto Oscar vai narrando esses fatos, Patinhas começa a ficar interessado na conversa e  pergunta ao hipnotizador se as jóias ainda estavam no lugar. Dr. Oscar responde que sim, a Sra. Bolofofo foi à Europa e encontrou tudo como viu no transe hipnótico, (nesse ponto da história um pequeno comentário: Que gente mais ingrata essa hein? O Sr. Novorrico ficou milionário e não foi capaz de ajudar o pobre hipnotizador que lhe ajudou a achar uma fortuna. A gorda senhora Bolofofo, também não fez questão nenhuma de  ser generosa com quem lhe ajudou a ficar rica.)
A essa altura da história já apareceram os famosos cifrões nas pupilas do nosso protagonista.  E ele pensa...

...Quem sabe  eu fui um guardião das Minas Perdidas do Rei Salomão ou...
...um vigia das urnas do tesouro do palácio do Rei Creso.
Patinhas encherga grandes possibilidades de ganhar dinheiro com o hipnotismo.
Ele diz então ao Dr. Oscar que está fechado o negócio. Ele o manda ao passado e sua dívida está perdoada.
O hipnotizador então concorda em enviar o velho pão-duro ao passado.
Patinhas entra num transe hipnótico e em pouco tempo está chegando a uma ilha acompanhado de alguém. Vamos conhece-los melhor. Quem são esses dois sujeitos a bordo de um bote que chegam numa ilha deserta tendo ao fundo um navio e o céu azul com muitas gaivotas.
Sim o Imediato P.A Tinhas e o Contramestre Donaldo ( já falei deles em um post anterior veja aqui ).
E eles desejam enterrar um baú nessa ilha deserta.
Contramestre Donaldo pergunta a P.A. Tinhas se o capitão havia dito o que tem no baú. O Imediato P.A., diz a ele que o capitão não comentou nada, mas qualquer um sabe que são riquezas do navio espanhol que eles afundaram em Trinidad.
O Baú é valioso tem até o selo da Rainha. Eles pretendem enterra-lo na ilhota enquanto navegam a oeste no mar das Antilhas, segundo eles a próxima viagem vai ser bem perigosa. Depois eles pretendem retornar a ilhotinha para desenterrar o baú e leva-lo para a Rainha em Londres. Enquanto Donaldo enterra o baú, P.A. Tinhas faz um mapa do lugar exato onde ficará enterrado o tesouro.
Nesse momento da trama o contramestre faz um pergunta maliciosa para P.A. Ele diz: "Estive pensando... e se nosso navio for a pique e a gente não voltar prá cá? "
O Imediato P.A. entende onde Donaldo quer chegar com aquela pergunta e lhe responde secamente: "Então o baú vai ficar no buraco e só as gaivotas saberão de seu paradeiro!" O Contramestre Donaldo não satisfeito com a resposta continua: "E se o navio afundar e só nós dois sobrevivermos?" E P.A. responde, "Está sugerindo que apenas nós saberíamos sobre o tesouro?"
Donaldo olha para o Imediato com olhar ganâncioso e meio cochichando diz: "O que a gente faria nesse caso?
A resposta de P.A. Tinhas é a seguinte: "Você me provoca Contramestre, mas sabe o que faríamos!" P.A. Tinhas continua falando, com o mapa erguido em sua mão conclui: "Como cavalheiros e marinheiros a serviço de sua majestade, nós entregaríamos o tesouro à Rainha em pessoa". Donaldo desolado e desanimado diz: "Já imaginava, Imediato!". O Imediato pede a Donaldo que juntos façam uma saudação à Rainha: "Vida longa à Rainha!".
Depois da saudação P.A. pede um juramento a Donaldo. No juramento eles dizem que vão proteger eternamente o tesouro, haja o que houver, nenhum deles vai trapaçear o outro em relação ao prêmio de sua majestade.
O Imediato P.A. Tinhas termina dizendo: "Venha, vamos terminar de cobrir o baú e zarpar pro Mar das Antilhas".
Nisso o flashback acaba e o Tio Patinhas acorda no consultório do hipnotizador.
Ao termino da consulta com Oscar Lote, Patinhas diz que fez uma jornada agradável e lucrativa e que a viagem rumo ao Mar das Antilhas está só começando e sai correndo em direção a porta.
Patinhas supõe que ele é o imediato P.A. Tinhas da marinha britânica de 400 anos atrás.
Patinhas correndo pela calçada, vai pensando que o tesouro ainda está enterrado na ilhota, e ele precisa comprar uma pá em uma liquidação o mais rápido possível. E é nesse momento que ele tromba com seu sobrinho Donald que vem na direção contrária já carregando uma pá.
Os dois percebem que algo está acontecendo, e como se um soubesse da intenção do outro. Eles trocam algumas palavras Donald pega a sua pá e diz a Patinhas que tem que ir porque ele e os sobrinhos tem uma longa viagem para fazer.
Os sobrinhos também estão por ali e Patinhas pergunta a eles o que está acontecendo. Os meninos respondem que O tio Donald está misterioso desde que foi consultar um hipnotizador no final daquela mesma rua.
Tio Patinhas então percebe o que acontece e sai em disparada deixando os sobrinhos perplexos perguntando entre si, se os dois tios ficaram loucos.
Patinhas corre em direção ao aeroporto sabendo agora, que Donald é na verdade o Contramestre Donaldo e também ele sabe do tesouro enterrado na ilhota deserta.
Enquanto isso Huguinho, Zézinho e Luisinho estão indo pra casa desconfiados e querem perguntar ao tio o que está acontecendo.
Ao chegarem em casa Donald está arrumando suas malas e diz para os sobrinhos fazerem o mesmo. Os sobrinhos forçam Donald a contar o que verdadeiramante está acontecendo. Finalmente o pato abre o bico e conta a história que sabemos até aqui. Os espertos patinhos que sempre são muito centrados, perguntam ao tio se ele vai gastar todas suas econômias numa viagem sem saber ao certo se a coisa toda não foi um sonho. Donald argumenta com os sobrinhos que não foi um sonho que era algo totalmente real.
Os garotos então dizem a Donald que ele só vai partir depois que eles fizerem uma pesquisa pra saber todos os detalhes dessa história, tipo: nome do navio, a data, onde fica a ilha. De posse desses dados os espertos sobrinhos de Donald correm em direção a biblioteca pública de Patópolis para apurarem mais a fundo todas informações coletadas com o tio.
Os meninos voltam da biblioteca com a certeza que o tio está dizendo a verdade. Realmente o Falcão Errante existiu que o seu capitão chamava-se Gavião Leal, e navegou pelas colônias espanholas no Caribe.
Os sobrinhos também contam a Donald  que os Galeões afundaram o Falcão Errante e toda a tripulação em 9 de dezembro de 1564. E Donald se dá conta que foram apenas três dias depois que o Imediato P.A.Tinhas e o Contramestre Donaldo deixaram a ilha. Donald fica triste ao saber disso e diz: "pobre Donaldo, e eu achava que ele tinha tido um fim bacana".
Donald e os meninos acabam  encontrando o Tio Patinhas no aeroporto. Patinhas compra todas as passagens restantes e diz para a atendente que a pá precisa de espaço. Donald argumenta com o tio que não é justo o que ele está fazendo pois não tem avião para Trinidad  até o outro dia. Patinhas debocha dizendo que ficará solitário na ilha solitária. Donald então fala do juramento que fizeram a 400 anos atrás. Patinhas diz a ele que jamais falou isso. O velho Mac Patinhas acena para Donald dizendo que ele está se referindo ao juramento de marujos que viveram a muito tempo atrás.
Patinhas depois sentado dentro de um avião praticamente vazio pensa: "Eu devia me envergonhar por tratar o Donald assim, mas um esbanjador como ele torraria aquela fortuna!".
No outro dia o velho pão duro já está dentro de um pequeno barco em direção a ilhota do tesouro e lança mais uma de suas pérolas ao dizer: "quando a riqueza veleja na maré da sorte, eu não uso âncora"
Patinhas é colhido por uma tempestade. Nesse meio tempo o avião que Donald e os sobrinhos  estão, também tem que fazer uma escala. Os sobrinhos de Patinhas ficam num hotel no continente sul americano.
Estão entediados no hotel e saem na tempestade para observar ondas gigantes na praia. Nisso avistam um barco que se choca contra rochas e é destroçado. Patinhas estava nesse barco e sai com sua pá pela praia em que os sobrinhos estão hospedados pela companhia aérea.
O Tio Patinhas não viu os sobrinhos, mas Donald e os meninos o viram, e agora sabem que estão de novo à  corrida pelo tesouro.
Na praia a tormenta acabou destruindo muitos barcos, mas Patinhas encontra um único ainda inteiro, e quando vai alugar,  uma árvore cai  partindo o barco ao meio, (hoje não é mesmo o seu dia em Senhor Patinhas).
Finalmente a tempestade vai embora e chega o sol.
Donald e os garotos também procuram um barco, e o único que restou é o "Atacante Pomposo", que na verdade é uma réplica reduzida de um velho vaso de guerra inglês, uma espécie de (navio/carro alegórico) para o desfile anual  daquele lugar.
 Quando Donald e os tri gêmeos chegam até o barco, ouvem a voz de Patinhas que já está lá. Os sobrinhos se condem e ouvem Patinhas dizer que precisa de uma tripulação. Mas o detalhe é que nem um marujo quer arriscar a vida num navio de brinquedo.
É aí, que Donald e os três patinhos tem uma ideia.
Patinhas é muito desconfiado e ao olhar para os quatro únicos marujos que se apresentam para navegar no navio de brinquedo ele pensa: "Um zarolho e três anões? se não soubesse  que Donald e os meninos não estão aqui, eu juraria que são eles"
Aqui existe um erro de continuidade cometido por Barks, essa imagem que você vê acima apresenta Donald e os sobrinhos vestidos de marinheiro, esse quadrinho é o sétimo quadrinho da página 21 de "O Melhor da Disney" #8, note que o sobrinho de Donald, que está ao lado dele no seu lado direito (esquerdo de quem vê), está de boina e óculos e não usa barba. Na próxima página, 22, esse mesmo sobrinho aparece no quinto quadrinho de boina, óculos e ...barba.
Voltando a nossa história, logo que avistam a ilha, Donald se revela e Patinhas se resigna a levá-lo junto até a ilha solitária.Chegando lá Patinhas pede que façam uma saudação (bem similar aquela do Imediato com o Contramestre), Só que agora Patinhas diz: "Ao Tesouro" e Donald responde: "Vida longa ao tesouro".
Logo depois da saudação os dois começam a brigar pra ver quem fica com o tesouro. Huguinho, Zezinho e Luisinho precisam separá-los para que não se machuquem.
Eles então param de brigar e começam a cavar arduamente. Mas para a sua surpresa quando abrem o baú este está vazio, ou melhor, apenas com algumas batatas secas no seu interior, encontram também uma nota escrita pelo Capitão Gavião explicando tudo.
A nota diz: "Acredito que esses estranhos e maravilhosos tubérculos serão apreciados por sua majestade..."
Um dos meninos exclama: "Os ingleses ainda não conheciam as batatas", e outro dos sobrinhos  complementa: "O que pretendem fazer com esse tesouro raro e antigo?".
Patinhas e Donald, correm para pegar suas pás e, dizem que pretendem fazer muita coisa...
..."E vamos fazer muito mais com dois hipnotizadores".
No Brasil, esta história saiu nas seguintes edições.
Tio Patinhas #126 (janeiro de 1976) Volta Ao Passado 

Tio Patinhas #191 (junho de 1981) idem 
Edição Extra #168 (12 de maio de 1986) idem

O Melhor da Disney #8 (dezembro de 2004) idem
Fonte: O Melhor da Disney # 8 - As Obras Completas de Carl Barks e Inducks.

4 comentários:

Unknown disse...

Realmente outra bela história do Barks(se bem que isso é redundante) e mais uma utilizando do artifício de regressão como dito no outro post.

Ludy disse...

É verdade Mac. E esse artifício rende algumas boas histórias. Eu me surpreendo cada vez mais ao ler a obra do Barks e descobrir como esse artista tinha ótimas ideias para roteiros engraçado, as vezes épicos, fantasiosos, enfim, uma infinidade de nuançes que perfazem cada página de suas histórias. Abração amigo Mac e até breve.

Anônimo disse...

Olá, amigo! Boa noite! Sabe, quando li o título achei melhor não ler o artigo.
Sabe por que? Eu quero fazer uma coisa que pode ser interessante: vou escrever sobre essa história também e só depois lerei isso tudo que você colocou, assim não vou me deixar influenciar. Como será que vai ficar? rsrsrs...
Não conheço quase nada de Carl Barks, mas, do pouco que já vi, li e releio, posso resumir em uma palavra o que penso dele e tenha como um enorme elogio:

"IMPRESSIONISTA"

Abraços. FabianoCaldeira.

Ludy disse...

Vai fundo amigo Fabiano. Tenho certeza que será uma postagem diferente e muito interessante, eu me atenho mais a história com poucos comentários pessoais e minhas postagens contém Spoilers em todas as histórias. Eu as conto até o fim. São postagens pra pessoas que já leram essas histórias e querem um pouco de DéJà vu.

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