sábado, 21 de maio de 2011

Tortas e Torturas - Vovó Donalda a matriarca da família pato

Hoje quero falar de uma personagem da família pato pouco comentada, mas que tem participações interessantes em algumas histórias Disney.
Vovó Donalda é aquela avózinha nossa que não vemos mais atualmente - aquela que espera a visita dos netinhos, faz bolinho de chuva, torta, uma deliciosa comida à moda antiga; e o mundo muda e influencia toda uma nova geração.
Suas histórias normalmente traz um núcleo que vive meio afastado de Patópolis, na zona rural, com cabras (desta vez, há cabras mesmo, ok...rsrs...), gatos, porcos, vacas, cavalos, galinhas, enfim... 
tudo o que uma boa fazendinha pode ter, até mesmo "empregados-familiares" folgados, preguiçosos e comilões como é o caso de Gansolino - o qual gosto muito porque, apesar de tratar-se de um adulto, seu comportamento lembra-me aquelas crianças gulosas, bem levadas e espertinhas de antigamente, que não tinham malícia e só gostavam de desfrutar do lado mais cômodo e prático da vida.
E com tanta coisa boa na vida no sítio da vovó é inevitável que ela sempre atraia visitantes.
O encanto pela sua paixão de cozinhar é tão grande que até mesmo o Zé Carioca saiu do Rio e foi até o sítio para provar uma de suas deliciosas receitas - uma torta de maçã. E chego a pensar que essa torta realmente deve ser bastante saborosa porque ela fez algo inacreditável para quem conhece o Zé, lá da Vila Xurupita - ela fez o papagaio trabalhar duro no sítio, o dia todo, em troca desse prazer.
 No final de todas as tarefas cumpridas, a torta ao seu deleite. Vovó Donalda até quis que o papagaio continuasse lá no sítio, pois ele fez tudo direitinho e para ela seria tão bom ter alguém para dividir as atividades com Gansolino. Pena que essa febre de esforçar-se tanto por uma torta de maçã passou tão logo a mesma fora parar em sua barriga.
Legenda: Que torta! E que tortura!
Roteiro: Arthur Faria Jr.
Desenhos: Euclides K. Miyaura
Imagens retiradas de meu exemplar: Zé Carioca #2326 (Agosto de 2008)
E Donald? Coitado! Foi levar um presentinho à vovó um dia desses na esperança de que ela usasse-o para fazer outra de suas belas tortas de maçãs, mas toda sua esperteza foi jogada ao vento quando vovó queixou-se de que o carvão que usava para abastecer seu bom e velho fogão estava acabando e o que tinha não era o suficiente para a torta, pois outro abastecimento só ia ocorrer dentro de alguns dias e, até lá, era precioso racionalizar.
Donald, abismado, só então deu-se conta de que o tempo não passara lá no sítio. Ficou surpreso com o velho fogão de "mil novecentos e bolinha" e bastante inconformado de não poder provar da torta - tanto que ele resolveu ajudar a boa e doce vovó levando-a a uma loja de móveis e eletrodomésticos (segundo ele, algo novo e de última geração iria facilitar muito a vida daquela meiga patinha). O que ele não se deu conta, no entanto, era que a meiga patinha não tinha intenção alguma de aposentar seu fogão. Muito pelo contrário. Ela gostava de cozinhar, de fazer sua cozinha ficar horas e horas com o cheiro da comida a ser preparada. Todo aquele processo lento e demorado era bastante rico a ela que, olhando toda aquela nova linha de fogões, exaustores, fornos elétricos e microondas, não sentia qualquer empolgação de imaginar-se utilizando-os.
Essa história é muito engraçada. Rachei o bico de rir em um momento o qual o vendedor apresenta o microondas a vovó.
- Aqui está um dos últimos modelos de microondas. - disse o vendedor, apresentando-lhe o melhor aparelho no ramo.
- Micro o que? - perguntou vovó.
- Microonda, vovó. - afirmou Donald.
E o vendedor explica:
- Ora! É a última palavra para cozinhar! A microonda é uma fonte eletromagnética com comprimento que varia de um milímetro a metro, que é a região entre um infravermelho e os comprimentos de ondas dos rádios de ondas curtas.
- Eu sabia! - vovó estava zangada com todo aquele linguajar difícil e impressionista de vendedor esperto. - É um foguete espacial!
E o vendedor, incansável, todo cheio de si:
- Ele pode cozinhar um peru em vinte minutos, senhora.
E agora vem a parte que achei mais engraçada.
Diante da pose do vendedor e a afirmação do peru sendo feito em vinte minutos, vovó questiona:
- E pra quê?
- Hein? O que foi que disse senhora? - o vendedor foi pego de surpresa; sua cara de bobo perdido foi tudo de bom...rsrsrs...
- Qual é o problema de cozinhar o peru o dia todo e encher a casa toda com o delicioso aroma de peru assado?
- Acho que a senhora não me entendeu...
- Quem não entendeu é você, rapaz! Me diga uma coisa: há quanto tempo você cozinha?
Ah, ah, ah! O vendedor pensou que fosse apanhar.
Outros exemplares foram mostrados e quando tudo parecia estar perdido, Donald mais do que envergonhado e o vendedor bastante exausto e pessimista, eis que Vovó Donalda decide-se por um fogão - simples, é verdade, mas, enfim, a venda é feita e o vendedor desmaia de emoção (eh, eh, eh!).
A história dá um pulo de algum tempo, quando Donald volta ao sítio para saber se vovó já se acostumou com o novo fogão. Ela, então, apresenta-lhe seu sonho de consumo: a torta de maçã. Seria um momento perfeito para Donald comer e relaxar se ele não tivesse visto que a torta saíra do forno do antigo fogão a carvão.
- Quac!
- Recebi um novo carregamento de carvão há duas semanas e agora preciso usá-lo. - explicou vovó, toda contente (e um pouco irônica também).
Ao ser questionada pelo fogão novo, ela disse que ele está sendo bem útil.... para as galinhas que, por sinal, adoraram ele. Algumas estavam lá em cima, na tampa e outras passeavam pelo forno....
Legenda: Mil e uma utilidades
Roteiro: Greg Crosby
Desenhos: Jaime Diaz Studio
Imagens retiradas de meu exemplar: Almanaque do Pato Donald #8 (Dezembro de 1988).
Abraços a todos, com aroma de torta de maçã. Fabiano Caldeira.
Fonte: Texto de Fabiano Caldeira (Resenhista e colaborador do blog Universo Disney, e imagens do acervo pessoal de Fabiano Caldeira)

7 comentários:

  1. Que belos textos,o Zé Carioca sai do rio só pra provar a torta da boa e velha vovô Donalda.
    Deve ser bom mesmo a torta

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  2. Oi Fabiano,linda postagem com a Vovó Donalda. Me lembrou muita coisa boa. A sua vinda para o blog está muito legal. O Ludy sempre fala que vai pro sítio, eu acho muito bacana ele dizer isso. Parabéns aos dois e a parceria, e com o Léo também. Abs. Paulo

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  3. OI, Pablo! Que bom que você gostou.
    Um abração! FabianoCaldeira.

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  4. Oi, Paulo! Pois é! Lembra-me de meus velhos tempos com minhas avós. Não tinha sítio, mas elas sempre faziam bolos, tortas, bolinhos...
    Um abração! FabianoCaldeira.

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  5. Oi Fabiano, seu texto flui com a leveza de uma torta de maça da Vovó Donalda. Uma delícia de postagem. E que saudades das nossas queridas avós. O tempo passa e elas continuam nítidas em nossas lembranças, e em nossos corações. Obrigado. Abs. Paulo

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  6. Pois é, esse texto e a vovó donalda nos fazem lembrar bem nossa infância. Saudades da minha avó (1 faleceu qdo criança mas morava em POA e eu em maceió, não lembro dela) com a qual convivi. Ela não tinha o pulso firme da donalda, mas seu coração era igual, pena que se foi cedo. RIP vó.

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  7. Obrigado pela presença de vocês e pelos comentários também. Tenhaos todos uma belíssima semana com Deus em nossas vidas, sempre!

    FabianoCaldeira.

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