sábado, 23 de outubro de 2010

As mudanças nos personagens de quadrinhos Disney

Oi pessoal, hoje vamos falar de um assunto que afeta todos nós como fãs dos quadrinhos Disney, e a cada um como leitor individual: as mudanças nos personagens de quadrinhos Disney. - Por que meus personagens queridos não são mais aqueles que eu conheci quando era criança? - O que aconteceu para eles mudarem tanto?
Desde a mais tenra infância observamos aquelas gravuras coloridas nas páginas de uma ou outra publicação. Mas o tempo sobrevém a todos e a tudo. Para encontrar as respostas das perguntas acima, vamos acompanhar passo a passo, nosso relacionamento com o mundo dos quadrinhos, revendo alguns pontos que seguem:
O gibi: Uma revista em quadrinhos, não se resume em imagens impressas em papel, unidas por grampos e envoltas em uma bela capa chamativa. Elas são compostas por histórias. Essas histórias são contadas por personagens, que seguem um roteiro pré-estabelecido, e em quadros estáticos bem desenhados por mãos talentosas, ganham vida em nossas mentes. Proporcionam momentos agradáveis de lazer e descontração, ou seja, entretenimento.
A leitura: Quando estamos lendo o gibi, para tudo dar certo, os integrantes das histórias devem possuir personalidade própria, em papéis bem definidos. Faz parte do processo da percepção cognitiva estabelecer as bases das premissas, para que a conclusão seja lógica e verdadeira. Se você não acredita no personagem e não se identifica com ele, não aceita as suas ações, e ao final, não aprova a história como um todo. Na leitura seus olhos lêem a fala e a “linguagem corporal” dos personagens, tudo dentro do contexto da história.
A paixão: É neste ponto da relação que nasce a “paixão” pelos quadrinhos, você se apaixona pelo que vê e sente. O próximo passo é definir qual é o seu personagem preferido (o meu é o Mickey, todo mundo já sabe...).
Paralelamente, você agrega valor a todo o “micro universo” que cerca seu personagem, seus amigos, seus inimigos, sua rotina e, enfim, suas histórias, que são a vida dele, e seu personagem favorito passa a ser seu amigo pessoal.  Você passa a ver o Universo Disney, sob a ótica do seu personagem, pois vocês estão agora unidos por laços afetivos que o acompanharão por muito tempo em sua vida real.
A polaridade: Outro aspecto importante a se considerar nessa relação, é que nos quadrinhos, como nos contos de fadas, ocorre uma distribuição um tanto maniqueísta dos papéis, onde, quem é bom, é bom, e quem é mau, será mau para sempre. Heróis e vilões se enfrentam em situações geralmente repletas de ações e gargalhadas, e que terminam com um final feliz.
Isso dá a incorreta impressão que os personagens são imutáveis e estáticos, uma visão radicalizada de que “para ser meu amigo pessoal”, meu personagem “não pode mudar”, deve ficar para sempre como eu o conheci, e na forma pela qual eu me apaixonei.
O abandono: Muitas crianças aprendem a ler com os gibis Disney, e se encantam com as mais singelas fábulas e situações infantis da obra. Quando chegam na adolescência repudiam os valores infantis para poder “crescer” na vida real (isso é naturalmente saudável, o contrário conhecemos como 

Síndrome de Peter Pan”), e lá vão os gibis para o fundo da gaveta mais funda, ou para uma caixa de papelão no sótão, ou pro lixo mesmo, infelizmente... Ninguém quer saber de “patos, ratos, fadas, princesas e anões” numa roda de amigos, numa paquera ou na “balada”...
O reencontro: A vida continua, o jovem (a jovem) torna-se adulto, conhece alguém, multiplica-se e quando os filhos começam a descobrir o mundo, lá estão eles na banca: os queridos quadrinhos Disney, à espera de uma nova paixão.
E existem muitas outras variações possíveis para o reencontro com os quadrinhos Disney, que não envolvem filhos, é claro... poderíamos enumerar várias delas: professoras com alunos, profissionais da área, etc, etc...
De uma forma ou de outra, voltamos aos quadrinhos, quando já estamos na vida adulta, porém encontramos os personagens ligeiramente alterados, pois eles estão adaptados às crianças das novas gerações. Vivemos num mundo em constante transformação. Novas mídias surgem a cada momento, costumes são modificados, formações e valores são atualizados. Nesse reencontro com os quadrinhos, o que encontramos ao ler um gibi novamente, nem sempre foi o que deixamos... e isso pode gerar uma situação de conflito interno...
Senso crítico: Nós crescemos, amadurecemos, damos mais valor a algumas coisas e menos à outras. Temos agora um senso crítico desenvolvido e apurado. 
Podemos acompanhar uma história de gibi agora, como um leitor mais desapegado, que não está profundamente afetado pelo envolvimento incondicional ao personagem, à história, ou a qualquer outra forma infantil de leitura. Agimos mais com a razão, avaliamos o tempo todo, vemos defeitos em muitos pontos do que estamos lendo, e aí começam as reclamações: “O gibi de hoje em dia não é igual no meu tempo...”, “Esse personagem não era assim”, “O gibi está caro demais”... (você pensava assim quando tinha 10 anos e dava toda sua grana por um Tio Patinhas?)
Aceitação: Passados todas essas etapas, a adaptação ocorre inevitavelmente, pois afinal caminhamos todos num processo de autoconhecimento e real busca de valores. Nesse mundo real “desértico e causticante”, onde a magia, a delicadeza e a fantasia estão em segundo plano, os quadrinhos Disney são um “oásis refrescante”, um refúgio. 
 O fiel leitor reconhece isso, identifica-se novamente, e transforma-se agora, num incansável colecionador, que investe boa parte de tempo e recursos disponíveis em busca de gibis em lojas especializadas, sebos e tudo o mais. Passa a gostar de ler e participar de toda e qualquer atividade relacionada à sua paixão de criança. Os sentimentos agora voltam de forma mais intensa, e quando menos se espera, explodem no seu peito, e ele finalmente descobre o verdadeiro amor. 

O amor sereno aos quadrinhos Disney, desapegados do ímpeto da paixão, mais maduro, benigno, compreensivo. E reconhece finalmente: que foram os gibis e os livros infantis que embalaram seus sonhos quando era criança;  foram os desenhos animados do cinema com pipoca que o divertiram; foi aquele velho vídeo cassete com o VHS repetindo mil vezes que te fez sorrir; do DVD que passou até “travar”, ou da TV que tinha hora certa para o programa favorito.
Você conclui que seus quadrinhos Disney, merecem um lugar de destaque em sua vida atual... (você chegou a dormir com um gibi embaixo do travesseiro quando era criança? Já sonhou com eles?) Agora tudo ganha nova cor e sabor, porque você se sente vivo e participante de algo maior, pois finalmente, seus amigos estão de volta....
Parabéns, você leu até aqui, e agora sabe as respostas das perguntas que fizemos no começo do artigo: Nossos personagens queridos mudaram, porque o mundo mudou, e continua mudando sempre. E nós também mudamos, ficamos mais sábios e exigentes, e quem dera, mais tolerantes. Isso é saudável e natural.
As novas gerações merecem escrever a própria história, viver seu próprio momento, ter seus próprios personagens originais ou ainda que os “velhos”, adaptados. Para nós é um privilégio imenso compartilhar nossa experiência pessoal com as crianças de agora, e curtir com eles as novas fases dos personagens Disney. 
Mas, acima de tudo, devemos respeitar as diferenças, porque cada um tem um ponto de vista, uma opinião, e isso não tira a beleza
do mundo, que é magnífico em sua diversidade, não é mesmo?
Eu e você fazemos parte de uma multidão ao redor do globo, de fãs dos quadrinhos Disney. Nos dias de hoje, crianças de todas as idades, raça, credo ou ideologia, curtem as mesmas histórias (com algumas variações), com seus personagens preferidos (cada qual, com seu personagem, na linha do tempo). Não dá para comparar coisas diferentes, como se elas fossem melhores ou piores que outras. 
Um gibi do Donald por exemplo, chega às bancas para ser lido por crianças de seis, sete anos, por adultos jovens, de meia idade, ou até mesmo por idosos. Como dizer que o roteiro, a fala, a vestimenta, o comportamento do personagem está “infantil demais”, se o público alvo do gibi é a criança. Devemos buscar a criança que está dentro de nós, e deixar que ela leia o gibi que está em nossas mãos, esse é o segredo da boa leitura. Se fizermos isso, com certeza o resultado será muito mais
agradável... eu garanto!!!
Aproveitemos o tempo que nos é dado, para curtir bastante a vida, na companhia das pessoas que amamos e que são importantes para nós. Brincar com as crianças, e ler gibi à vontade (no seu tempo de lazer, é claro), sabendo que tudo está no devido lugar, porque você agora está em paz com seus valores, e sente que é parte integrante e fundamental do grandioso, maravilhoso, mágico e fantasioso, UNIVERSO DISNEY...
(dedico este texto ao amigo Disney Fabiano Caldeira).
Fonte: Texto de Paulo Gibi (colaborador e resenhista do blog Universo Disney)

3 comentários:

  1. Obrigado pela lembrança na postagem.
    Eu voltei a ler os quadrinhos com mais frequência após comprar uma revista do Tio Patinhas um dia qualquer, proximo do final do ano. Isto porque já havia longos anos que havia deixado de lado a prática de comprar e ler os quadrinhos por uma série de motivos de minha época de pré-adolescente e recém adulto que me levaram a abrir mão desse prazer.
    Depois dessa revista do Tio Patinhas, que foi em 2007 + ou -, passei a comprar outra e depois outra e em 2009 a frequência aumentou um pouco e este ano, após ingressar em comunidades a respeito das revistas em quadrinhos e perceber que eu não era um "ET" nesse mundo, deixei aflorar ainda mais esse lazer. Ganhei 50 revistas Disney para ler e, a partir de então, foi escancarada a porteira.rsrsrs...
    Obrigado! Há pessoas muito importantes nesse processo. E a Internet é fundamental para que estejamos sempre próximos.
    Meu Blog passou por uma semana política em respeito a alguns amigos meus que me cobraram por e-mail algumas postagens a respeito de saúde, movimento social lgbt. Mas pretendo, a partir desta semana, voltar a postar assuntos referentes aos quadrinhos, filmes e livros.
    Sobre os quadrinhos, tenho muita coisa pra mostrar.
    Estou fazendo os meus próprios apesar de não ter conhecimento de praticamente nada desse processo. Vamos ver no que vai dar. Já tenho uma história pronta de Donald, mas ela é muito clichê. Vou fazer mais umas duas e espero que sejam melhores para poder mostrar.
    Abraços. FabianoCaldeira.

    ResponderExcluir
  2. Fabiano , eu também passei por algo semelhante, um dia entrei numa banca e vi na prateleira a revista número 1 da saga do Tio Patinhas, aquela especial pelos 40 anos da revista com a Saga do velho pão duro por Don Rosa e daí pra frente não parei mais, estou aos poucos conseguindo resgatar aquelas antiguidades da minha infância. realmente quadrinhos Disney fazem muito bem. Desejamos ler teus roteiros, um abração amigo.

    ResponderExcluir
  3. Oi Fabiano e Ludy. Os gibis sempre foram meus amigos de infância, e senti muito por me afastar deles em determinada época. Hoje, nem penso em ficar longe deles. Curto muito meus gibizinhos, e tudo o que está relacionado a eles. Abraços. Paulo Gibi.

    ResponderExcluir