sábado, 24 de julho de 2010

O Dinheiro que Virou Picolé - O Melhor da Disney #27

O Dinheiro que virou picolé (The Big Bin on Killmotor Hill)
WDC 135-02
Escrita e desenhada por Carl Barks em maio de 1951.


O Dinheiro que virou picolé é a aventura onde a Caixa-Forte é apresentada pela primeira vez no universo Disney. A história começa com Donald e os sobrinhos observando uma nova construção em Patópolis. Admirados Huguinho, Zézinho e Luisinho perguntam a Donald que enorme construção é aquela na colina Mata-Motor. E Donald responde que trata-se da Caixa-Forte do Tio Patinhas. Logo eles chegam em casa e Donald recebe um telefonema de Patinhas convidando-os para conhecerem a Caixa-Forte. Já no interior do enorme prédio observando por um periscópio, Donald percebe que os Metralhas estão lá fora abrindo um buraco próximo a Caixa-Forte, o que deixa Patinhas muito transtornado e nervoso, com a possibilidade de ser assaltado pelo bando de irmãos que acabaram de sair da prisão.
Metralhas trabalhando duro para roubar o velho pato
Donald instiga Patinhas a ir lá fora onde estão os Metralhas brigar "mano a mano", para defender sua fortuna. Patinhas então sai com Donald em direção aos bandidos, mas já nos primeiros metros as armadilhas que são a defesa da Caixa-Forte os impede de seguir em frente, pois eles correm sérios riscos de ficarem bem machucados com o montão de armadilhas espalhada pela colina Mata-Motor, minas, canhões prestes a disparar em cima deles.
Armadilhas que a vida prepara a todo o momento
Os dois resolvem então voltar para o interior do prédio... e aí Donald tem uma das suas ideias mais malucas e o pior é que no desespero o Tio Patinhas acredita que possa dar certo tal insanidade.
E a ideia absurda de Donald é encher o depósito de dinheiro com água e assim expulsar os Metralhas como ratos molhados, quando eles finalmente cavarem o tunel que pretendem até a Caixa-Forte.
Feito isso algumas horas depois eles ainda estão na Caixa-Forte e ouvem pelo rádio a notícia que aquela noite será a noite mais fria de Patópolis. Depois disso por volta da meia-noite tudo está totalmente congelado na cidade, hidrantes explodem,  árvores racham de frio e as baixas temperaturas atravessam até as grossas paredes de 3 metros de espessura da Caixa-Forte. Pra resumir tudo a Caixa-Forte se transforma num enorme bloco de gelo, a água do cofre vira gelo e destroi as paredes do edifício. Ao amanhecer não existe mais a Caixa-Forte e sim um enorme bloco de gelo que acaba descendo a colina e indo parar no terreno dos metralhas que com pequenos picadores de gelo enchem baldes de dinheiro enquanto Tio Patinhas no último quadrinho da história corre atrás de Donald com a bengala, mais uma vez repetindo aquela cena da história anterior que já comentamos aqui chamada: "O Vil Metal e os Vilões".
Última cena de "O Vil Metal e os Vilões" (similar a última cena dessa história que estamos comentando)
Eu particularmente achei essa história muito fraca com um roteiro muito "capenga" de Carl Barks, uma história que na verdade "não tem pé nem cabeça" nem tão pouco uma lógica onde possamos nos agarrar.
Alguns pontos que eu percebi, mas é claro são minhas impressões e eu não sou o "dono da verdade", muitas pessoas vão concordar comigo e tantas outras irão discordar do meu ponto de vista e isso é o "bacana" da vida, essa diversidade de opiniões, para que assim possamos ver todos os tons,  cores e matizes de uma ideia e não somente uma tonalidade fixa e fechada em si mesma.
Primeiro: Nessa história Patinhas não tem ninguém que trabalhe na sua segurança e do seu patrimõnio, um vigilante, um guarda ninguém para ajudá-lo a defender sua riqueza.
Segundo: O dinheiro totalmente embaixo dágua e, não estraga segundo eles, e as notas de papel????? papel molhado se deteriora em pouco tempo, principalmente se estiver mergulhado numa piscina como foi transformada a Caixa-Forte nessa história.
A versão real ou seria uma ilusão
Terçeiro: Como eles conseguiram em poucas horas com uma mangueira encher um depósito daquele tamanho. Quarto ponto: Que frio é esse que consegue transformar um depósito inteiro cheio de água num enorme cubo de gelo, e eles com suas roupinhas normais e tradicionais de sempre.
Em poucas páginas eu encontrei tantas discrepâncias que corro o risco de dizer que essa é uma das piores e mais fracas histórias de Barks. Tudo bem você pode dizer, ahh, mas isso é só uma histórinha em quadrinhos...ou, isso é licença poética do Barks é tudo uma grande brincadeira... pode até ser, mas eu acredito que Barks fez uma história frouxa e cheia de pontos soltos. E posso afirmar também que eu sou um grande fã desse mestre Disney e tenho a plena convicção que Barks já fez muita coisa maravilhosa, histórias dignas de filme, histórias realmente apaixonantes. Mas achei essa história particularmente uma história "meia boca", o tipo de história feita rapidamente, às pressas para cumprir um prazo de uma agenda apertada, mas quero deixar claro essa é a minha opinião, você pode achar essa história ótima simplesmente por ser do Barks. E tudo o que eu disse aqui faz referência  ao roteiro e não a arte que continua primorosa como sempre.
No final de 1951, a construção da personalidade do Tio Patinhas estava quase completa e ele logo protagonizaria gibi próprio. Mas, até então, o ricaço era personagem secundário nas aventuras do Pato Donald. Assim ele podia perder sua fortuna sem abrir mão da função narrativa que desempenhava. Em "O dinheiro Que Virou Picolé", é o sobrinho atrapalhado que entrega toneladas de patacas de mão beijada aos Metralhas ao construir uma armadilha fadada ao fiasco. Aqui, a estréia da célebre Caixa-Forte localizada sobra a colina Mata-Motor marca também a primeira destruição do prédio. Outras viriam com o tempo. Mais uma vez é possível notar a dialética dos extremos: a gigantesca riqueza do Tio Patinhas e a falsa esperteza do Donald conduzem o enredo à catástrofe.
Desenho de Don Rosa (meramente ilustrativo nesse post) faz parte da história "The Beagle Boys vs. The Money Bin"
 No intervalo que separa esta HQ da anterior (O Vil Metal e os Vilões), entende-se que os zilhões foram tomados dos criminosos e retornaram ao cofre do magnata.
A mesma lógica se repete quando Patinhas volta à cena nas aventuras seguintes. E não perguntamos como. Não importa. O equilíbrio é restabelecido: os Metralhas deixam de simbolizar uma ameaça e se tornam meras crianças que, no hiato entre um e outro episódio, levam palmadas da lei para aprender a não fazer traquinagens.
Essas capas que você vê na postagem são de edições onde você encontrará essa história, lá em cima a revista americana Walt Disneys' Comics and Stories #135 de dezembro de 1951, depois O Pato Donald # 58 de dezembro de 1952, com o título (As Ideias de Donald), logo depois temos a capa do Pato Donald #1612 de setembro de 1982 e aqui no final da postagem a capa da edição #27 de O Melhor da Disney lançada em abril de 2007. Valeu e até a próxima.
Fonte: O Melhor da Disney #27 (texto segunda parte de Marcelo Alencar).

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