Um dia aprendi a ler, e no outro já estava agarrado aos gibis de Walt Disney. Neles aprendi muitas das minhas primeiras palavras, vivi grandes aventuras na comodidade da minha cama, e, acima de tudo, neles tomei o gosto pela leitura, e pelos gibis em particular. Pelo jeito, para toda a vida. Só muito tempo depois, já no segundo grau, conheci "Para Ler o Pato Donald", de Armand Mattelart e Ariel Dorfman. Ali descobri que os personagens Disney eram instrumentos do capitalismo internacional, baseado numa sociedade de desiguais conformados, de assexuados, de tesouros determinando riquezas limpas, puras, como se não houvesse uma mão-de-obra explorada e oprimida, a mais-valia, e blá, blá, blá... QUACK!!!! exclamaria o Tio Patinhas.
Achei um certo exagero, na época, e continuo com esta impressão. Pode ser tudo verdade. Eu continuo achando que tem quilos de exageros ali, e muitas mentiras tecidas pelos próprios autores para que o livro tivesse um maior impacto na época. Quando li achei um amontoado de sandices, e bobagens.
Não acredito, sinceramente, é que os pueris passeios por Patópolis e a busca aos tesouros tenham me tornado um instrumento do imperialismo, aos 7 anos. A síndrome xenofóbica de ver em todo o material estrangeiro uma contaminação cultural irreversível não perturba nem a mim, nem a os milhões de brasileiros que leem os quadrinhos americanos, franceses, italianos, etc. Tem coisa de muita qualidade por lá, e negar isso seria retirar a universalidade da arte.
Tanto tempo depois, dando uma "geral" na minha pequena coleção peguei pra reler os meus 8 Álbuns Disney que a Editora Abril lançou no começo dos anos noventa. O primeiro volume vinha com o Pato Donald estrelando "Terror do Rio"( e outras histórias, esse álbum foi lançado em junho de 1990), publicada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1947. Eu já hávia lido há muitos anos. Mas com o formatão e capa cartonada e os desenhos maiores, é muito "show" poder rever e reler o trabalho do Barks.
O primeiro álbum vinha com 3 histórias do Barks. A primeira com 20 páginas é justamente essa que da título ao álbum: "O terror do Rio", depois temos a segunda história de Carl Barks nesse álbum: "O Caso das Focas" com 10 páginas e fecha o álbum com "O Supervisor do Acampamento" com 8 páginas. Um belo álbum já relido por mim uma dezena de vezes, e sempre encontro um novo detalhe que deixei passar em leituras anteriores.
Convido você a conferir esses álbuns. Ainda existe em sebos. Inclusive eu conheço um desses sebos que tem quase todos esses álbuns por pouco mais de dez reais cada. Entre em contato que eu lhe apresento o "caminho das pedras".
Abaixo um pequeno tributo a Carl Barks o "Homem dos Patos".
Fonte: Acervo pessoal, Inducks Brasil e YouTube.
Fonte: Acervo pessoal, Inducks Brasil e YouTube.
Nada a ver esse "Para Ler o Pato Donald". Quanto aos álbuns, ainda não tenho todos, mas são mesmo muito legais. Interessante como as histórias ficam com a leitura mais agradável no formatão.
ResponderExcluirPaulo, quando eu li esse livro eu fiquei foi com muita raiva dos autores. Mas li por curiosidade pois na época alguns amigos me chamavam de alienado por gostar de gibis Disney, enquanto eles liam Manara, revistas de Terror e guerra e revistas pornô, e eu gostava de Almanaque Disney, Tio Patinhas e Mickey (gostava e agora amo).Li Só pra ver ali um monte de mentiras e trechos inventados pelos autores para causar confusão na cabeça de quem lia. O livro hoje é motivo de piada.
ResponderExcluirUm abraço amigo
Eu li o livro sete vezes desde 81, no original em Espanhol e posso concluir que há certas verdades no livro, mas seus autores puxavam muita brasa para o marxismo ideológico daquele Chile do Allende.
ResponderExcluirNo entanto existem fatos inegáveis de que quadrinhos americanos "espelham" um certo ranço ideológico-conformista de um império Disney riquissimo em conjecturas e meias-verdades.
Disney de certa forma mostra-nos um universo bonito, confortante, "xiita" ( tente entrar na Disneylandia fantasiado de Smurf! )e um tanto pernicioso sim. Porém, eu adoro Disney e seus personagens, mas tenho tambem um pé atrás sobre se isso fez bem ou mal em minha formação. Só sei que fiquei muito "preso" a esse universo, ignorando outras artes gráficas e quadrinhos tanto Udigrude quanto Europeu - que na minha opinião evoluiram bastante bem em décadas. Acredito em certas nuances ideológicas sutis nas obras disneyanas, mas não as desmereço totalmente! Tem verdades psicológicas no Livro supracitado e no entanto concordo que tem sido preciso uma reavaliação do mesmo. Ainda não está datado mas pertence a opiniões de pesquisadores latinos, nfelizmente...