quinta-feira, 22 de abril de 2010

Em breve 60 anos do Pato Donald no Brasil.

Quase completando 60 anos no Brasil esse ancião de 76 anos , não é nada além de um grande pato. Numa definição mais precisa, um pequeno pato. Pequeno, desajeitado, histérico e irascível. Entre tantos adjetivos, "irascível" tem sido o mais exato, ao longo das últimas sete décadas e meia, para descrever o Pato Donald. Desde sua estréia no cinema, em 9 de junho de 1934, tocando um instrumento de sopro no desenho animado "A Pequena Galinha Sábia" (The Wise Little Hen), Donald Duck está constantemente à beira de um colapso nervoso; "QUACK! QUACK! QUAAAACK!!!! é a sua frase de ordem.
Às vesperas de completar 60 anos no Brasil (a revista O Pato Donald, a primeira publicação da Editora Abril. Como dizia Victor Civita: Tudo começou com um pato, pegando emprestada a frase de Walt Disney que um dia disse: Tudo começou com um rato, referindo-se ao Mickey Mouse, o personagem que iniciou o império Disney), Donald poderia argumentar que não lhe faltam motivos para tanta tensão. Os sobrinhos que ele vem educando com cuidados de pai extremado, não respeitam muito suas penas brancas. A namorada é uma pata volúvel. Não aceita um namoro mais carinhoso, mas não hesita em abandonar o herói em nome de um programa qualquer com o primo Gastão. O tio Patinhas, não passa de um avarento neurótico, nutrindo o mais profundo desprezo pelo pobre Donald, (quero acreditar que o Tio Patinhas faz tudo isso, para preparar o Donald para herdar um império, que foi conseguido a duras "penas" as penas do Patinhas lógico), e o primo Peninha é prodigioso em lançá-lo nas maiores confusões. Não bastasse tudo isso, os ensaístas Armand Mattelart e Ariel Dorffman, radicados no Chile, (já falei desses caras em posts anteriores), identificaram no palmípide uma arma poderosa a serviço do imperialismo norte-americano. No ensaio "Para ler o Pato Donald"(já comentado aqui no Universo Disney), o personagem de Walt Disney aparece como um símbolo do establishment, deformando corações e mentes de criancinhas indefesas do terceiro mundo. "QUAAAAAAACKKK TRIPLUS!!!! responderia com certeza o pato.

E ainda queriam que ele fosse calmo.

Donald nasceu no mesmo ano que Pateta, mas logo alcançou fama muito maior. Em 1938, só nos Estados Unidos, Donald já era lido em tiras diárias de 352 jornais. Pateta nunca teve seu próprio gibi, (aqui no Brasil sim). Donald é um pato, mas ninguém pode dizer com certeza a que espécie animal pertence o Pateta. "Se ele é um cachorro, porque não anda de coleira e babando como o Pluto?", querem saber as crianças, discutindo em volta da fogueira, no filme Conta Comigo (Stand By Me), de Rob Reiner.

Clarence Nash
No cinema com a voz de Clarence Nash, Donald atingiu um patamar reservado a poucos astros de Hollywood: em apenas seis anos de carreira, já tinha um Oscar, pela atuação em "A Face do Führer".

No filme, engajado no esforço de guerra norte-americano, o pato jogava um tomate na cara de ninguém menosdo que o ditador nazista Adolf Hitler. Mais tarde, Donald chegou a visitar o Brasil. Acompanhado por Zé Carioca, cantou e dançou com Aurora Miranda (irmã de Carmen Miranda), em "Você Já Foi a Bahia?" (The Three Caballeros).
Al Taliaferro
Nos quadrinhos, Donald viveu suas primeiras aventuras sob o traço de Al Taliaferro, conservando o traje de marinheiro e o temperamento nervoso, que eram sucesso nas telas. No Brasil, sua primeira revista saiu em julho de 1950, (o aniversário de 60 anos está chegando), já com desenhos de Carl Barks. Foi do ateliê de Barks que surgiram Tio Patinhas , Gastão e outros tantos personagens que aprendemos a conhecer e a amar. Foi o artista também quem teve a ideia de transformar Huguinho, Zezinho e Luizinho em Escoteiros-mirins.


Parabéns Pato Donald por seus 60 anos no Brasil e parabéns Editora Abril por ter nos brindado com esse patinho tão amado para nós fãs de quadrinhos Disney e da família Pato.

Abaixo os vídeos de "The Wise Little Hen (A Pequena Galinha sábia) e "A Face do Führer.

Fonte: Eduardo Veras, YouTube.

2 comentários:

  1. "Parabéns Donald, pelos 60 anos de Brasil". O Donald é um sobrevivente, nos quadrinhos e na longevidade de sua revista. Como seria a vida sem o Pato Donald? Recentemente teve até uma história assim... que mostrou seu valor. E nas bancas de jornais por todo o país, como seria chegar lá, e não ver mais o pato? Seria um desastre... Devemos muito aos mestres e colaboradores que consolidaram esse personagem e todo o seu núcleo no mundo Disney, passando por Al, Barks e Civita. Quanto a propaganda de guerra, como podemos recriminar alguém por servir ao seu país? O Donald está e sempre esteve certo, é um personagem coerente em seu mundo caótico. Ele é apaixonante, hilário e por muitas vezes se mostra tão verossímil, ao expôr suas qualidades e fraquezas que mais parece uma amigo real, do que um simples personagem de gibi.

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  2. Puxa vida! Que matéria apaixonante esta. Parabéns! Abraços.
    FabianoCaldeira.

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